quarta-feira, 22 de maio de 2013

Tema do Mês


De volta para o futuro


Quando os nossos corações estão cheios de alegria e compaixão, não há espaço para a raiva, a culpa, o ressentimento, a vitimização ou qualquer outra emoção negativa que nos aflige. Nenhum de nós quer ficar com raiva. Nenhum de nós pensa que o ciúme ou o ressentimento é uma coisa boa. Nós odiamos ver que essas emoções surgem em nós e que nos faz sentir mal emocionalmente e fisicamente, e temos dificuldades em liberar essas emoções negativas.


A prática de arcos (abrir o peito) pode ajudar. Os arcos  abrem a porta para anahata chakra(chakra do coração), localizado no centro do peito. O chakra Anahata é sobre relacionamentos cármicos de pessoas que nos ferem. Quando fazemos uma curva para trás, conectamos o centro do coração e permitimos que a experiência desse tipo de relacionamento  surja. Isso pode gerar uma grande quantidade de medo, porque nos obriga a ver que a fonte da negatividade está dentro de nós e não no outro a quem atribuímos a responsabilidade de nos machucar, Só podemos ver fora de nós o que temos dentro de nós tudo no mundo existe como uma projeção de nossa mente. A maneira como temos tratado os outros no passado determina a maneira como os outros nos tratam hoje. Por essa razão, não é aconselhável culpar os outros pelos nossos sofrimentos. Devemos sim perdoar, liberar e olhar em frente, alinhando-se com o poder do amor. Como disse Dr. Martin Luther King Jr., "eu decidi apostar no amor, o ódio é um fardo muito grande para carregar." Os arcos estimulam a glândula timo atrás do esterno e sob a garganta. O timo tem um papel importante no sistema imune, que pode ser afetada adversamente quando temos emoções escuras. Estimular essa glândula ajuda o sistema imunológico a funcionar de forma mais eficiente, e ficar saudável. Nosso físico, psicológico e espiritual estão interligados.

Um obstáculo para a flexão para trás é o medo de cair, o que é em si mesmo o medo de morrer. O medo da morte é considerado instintivo, e muito difícil de superar. O medo é a segurança de nos alertar do perigo e desencadeia reações fisiológicas destinadas a proteger. O músculo psoas que se estende desde a frente da coluna até a pélvis e se adere ao fêmur, é o primeiro agente da flexão do quadril. O medo faz com que psoas se contraia e vá nos encurvando para proteger órgãos internos. Quando o medo se torna habitual, como acontece na nossa cultura, o psoas perde a flexibilidade e torna a flexão para trás muito difícil, gerando medo. Com a prática regular e inteligente de arcos, alongamos psoas, o nosso coração começa a livrar-se das emoções negativas e cada vez experimentamos menos medo.
O arco precisa ser feito de forma cuidadosa. Antes de começar, temos que aquecer o corpo, que pode ser feito com saudações ao sol. Pernas fortes é essencial para os arcos. A prática de posturas em pé  gera consciência enraizando as pernas. Também é uma boa ideia para alongar as costas fazer primeiro flexões para a frente, podemos ajudar a evitar cãibras ou dores nas costas. 
É fundamental  desenvolver a inteligência nos arcos e nunca prender a respiração durante a prática.A respiração deve ser forte, silenciosa e contínua. Manter uma intenção elevada em nossa mente durante a prática gera resultados positivos. Um exemplo de uma intenção elevada em um arco seria deixar a raiva contra outra pessoa, e ao inalar (desejar bênçãos e amor) e na expiração diga o nome da pessoa. Melhor se você fizer isso em silêncio.

As Flexões para trás  nos leva  para o futuro. Ao abrir nossos corações, perdoar os outros e não nos vernos como vítimas. Através do perdão, podemos dissolver o sofrimento para longe de nossa natureza, que é amor.Você não pode fingir ser a vítima e, ao mesmo tempo, ser um iluminado com realizações. A escolha está em nossas mãos. Com a prática, desenvolvemos a força que nos permite avançar na vida com um senso de aventura, coragem, alegria, confiança e amor, o caminho para a iluminação.

BARRIGA BONITA E RETINHA COM YOGA


Postura do barco completa

Por: Marla Apt

Siga as dicas e faça a postura do barco completa

Benefícios 
 Fortalece a espinha, as articulações dos quadris e, principalmente, os músculos abdominais
 Estimula o bom funcionamento dos rins, intestinos, tireóide e próstata 
 Alivia o estresse e melhora a digestão
Paripurna navasana
Papipurna: completo, cheio
Nava: barco
Asana: postura

Você provavelmente ouviu que paripurna navasana (postura do barco completa) fortalece o core. Mas, em Yoga, o core refere-se a mais que o abdome. B.K.S. Iyengar diz que a prática o leva a uma viagem para dentro da periferia do corpo e para o núcleo do seu ser. Com navasana, você construirá músculos abdominais fortes que podem ajudar a apoiar a região lombar.

O processo de coordenação do trabalho dos membros e do tronco junto à coluna também o ensinará sobre respiração, atenção, emoções e natureza. Eventualmente, até mesmo uma postura simples como navasana pode penetrar além dos músculos, nervos, ossos, órgãos e no seu self — seu core mais íntimo. Navasana é uma postura compacta que requer que você leve tudo em direção ao seu centro: o abdome se move em direção à coluna, a coluna se move para a frente para apoiar a frente do tronco, as escápulas se movem para baixo em direção ao peito, enquanto o peito se abre e os braços e as pernas ficam firmes. A integração de todas as partes do seu corpo na postura do barco completo vai deixá-lo forte e flexível, mental e emocionalmente estável.
Mas se sua mente divagar, a firmeza interior que cultivou vai vacilar, e você perderá o equilíbrio. Assim, para encontrar o seu núcleo interno e a estabilidade na postura, mantenha o rosto sereno e a respiração relaxada. A ideia é que, quando o cérebro e os olhos estiverem tensos, o foco torna-se externo. Quando suas características faciais recuarem, porém, você voltará a atenção para dentro e poderá encontrar a estabilidade novamente.

Embora navasana trabalhe os músculos do núcleo do abdome, não é uma malhação. Em vez de trazer o peito e a pelve para perto e encurtar o corpo, puxe as costelas para longe do abdome para levantar o peito e manter o equilíbrio nos glúteos o tempo todo. Você descobrirá como contrair e estender o abdome simultaneamente. Alongar a frente do corpo assim é uma ação essencial para muitos asanas e técnicas de pranayama. Ele apoia toda a caixa torácica (em oposição a um corpo encurtado e rígido, que coloca pressão sobre os pulmões, órgãos internos e parte inferior das costas), e pode facilitar a respiração regular e eficiente na sua prática de asana e no dia a dia.



Meio mastro

A postura do barco completa é como uma versão de equilíbrio de dandasana (postura do bastão), então, se não pode sentar-se em linha reta em dandasana por causa de ísquios rígidos, poderá ter dificuldade para trazer as pernas em direção ao tronco sem arredondar as costas e afundar o peito. Flexionar os joelhos na primeira variação leva os ísquios para fora, não deixando que você faça a postura sem curvar a coluna vertebral. Se o abdome, costas ou pernas não tiverem força, a segunda variação mostrará como levantar a coluna. Ambas as variações mostram como aprender a fazer a postura gradualmente, de modo que pode experimentar a dinâmica das costas, pernas e abdome trabalhando juntos para fortalecer o core (núcleo central do corpo que inclui o abdome e a coluna). 

Para fazer navasana com os joelhos dobrados, comece sentando em dandasana e, em seguida, coloque as palmas das mãos no chão ao lado do quadril. Pressione as coxas para baixo e leve os calcanhares para longe de pelve para alongar as pernas completamente. Levante o tronco fora do chão e abra o peito. Suas costas devem ficar como se estivessem movendo para a frente, em direção à frente do corpo. Agora levante a frente do corpo do topo da pelve ao topo do peito. Para criar algum espaço entre o tronco e as pernas, pressione o topo do fêmur no chão e levante a parte inferior do abdome para longe das coxas, sem inclinar a parte de trás dos glúteos. Levante a caixa torácica para longe do abdome e gire os ombros para trás. 

Em seguida, flexione os joelhos e coloque os pés no chão. Segure os joelhos com as mãos e puxe-os um pouco para levantar o esterno. Levante os pés até as canelas ficarem paralelas com o solo e, em seguida, flexione os pés. Com as pernas e os joelhos tocando e os joelhos flexionados, traga as coxas para perto do peito e levante a região do coração.



Equilíbrio do core

Agora que você está se equilibrando sobre os glúteos, verifique se não está curvando as costas. Mova a coluna para a frente, na direção da frente do corpo. Puxe os joelhos flexionados mais uma vez para levantar o peito e aumentar a distância entre o esterno e o umbigo. Sem deixar o peito cair, estenda os braços para a frente ao lado das pernas, paralelos ao chão, com as palmas voltadas uma para a outra. Observe como os músculos abdominais participam quando puxa as coxas para mais perto do tronco. Não deixe que as costas arredondem, mas verifique se pode alongar o tronco um pouco mais.

Mesmo quando estende os braços para a frente, puxe os ombros para trás e mova as escápulas para baixo e em direção ao peito. Embora o ato de alongar e contrair o abdome seja um desafio, essas ações trazem a sua atenção para dentro em direção à fonte de seus movimentos e ajuda a mantê-lo focado internamente. Respire normalmente e olhe para a frente. Você pode manter a postura inicialmente por 30 segundos e, em seguida, até 1 minuto. Quando estiver pronto, expire e coloque os pés no chão para voltar em dandasana.

Ancorado e firme

Na segunda variação, você se equilibra em navasana com as pernas estendidas, mantendo as mãos no chão para sentir-se firme e apoiar a elevação da coluna Comece em dandasana, coloque as palmas das mãos alguns centímetros atrás do quadril. Levante o peito, flexione os joelhos e eleve as pernas até deixar as canelas paralelas ao chão. Traga as coxas em direção ao tronco, e mova as costelas para trás e escápulas para a frente. Expire e estenda as pernas, sem arredondar as costas. Estenda a partir das panturrilhas até os dedos dos pés ficarem quase tão altos quanto a cabeça. Sentirá o trabalho do abdome, mas não deixe a frente do corpo encurtar. Leve o umbigo em direção ao peito e expanda as costelas. Leve os ombros para trás e olhe para a frente.

Depois de um tempo nessa postura perceberá que as pernas trabalham duro para permanecer em linha reta e levantada. Então, como faz em dandasana, pressione as coxas para trás e estenda as panturrilhas. Use as mãos para ajudar a equilibrar-se sem inclinar para trás. Respire suavemente e mantenha o rosto e o pescoço relaxados. Fique estendido e equilibrado com o apoio do corpo sem se esforçar demais, de modo que a mente permaneça quieta. Então expire, flexione os joelhos e coloque os pés no chão.


Barco do amor

Agora você está preparado e pronto para praticar a postura do barco completa. Se achar que não consegue manter as costas ou as pernas para cima sem afundar na coluna, apoie os calcanhares na parede ou em uma cadeira 
Inicie em dandasana e, novamente, apoie as mãos no solo. Levante e estenda as pernas como fez na segunda variação. Agora apoie na ponta dos dedos e levante as costas de modo que a coluna inteira se mova para a frente. Levante os braços e estenda-os uniformemente para a frente, deixando-os paralelos ao chão. Mantenha as palmas das mãos estendidas. Estenda os dedos para a frente e puxe os ombros para trás e para baixo para levantar o esterno. 

Mantenha os joelhos firmes e contraídos para deixar as pernas retas. Estenda o lado interno das pernas em direção aos calcanhares e espalhe as bolas dos pés abrindo os dedos. Sem flexionar os joelhos, tente deixar as pernas mais elevadas de forma que os pés fiquem acima do nível da cabeça. Levante o peito, mantendo o nível do queixo e o pescoço macio. Olhe para a frente, em direção aos pés, e mantenha a postura por 30 a 60 segundos. Então expire e solte as pernas no chão. Deite-se de costas com os joelhos flexionados para descansar. Solte o abdome em direção às costas, pressionando o chão. 

Segure-se e alongue os braços, pernas, abdome e tórax em paripurna navasana, levando a atenção para dentro. Apesar do esforço envolvido, a conexão com a estabilidade do core pode ser calma e centrada no corpo, mente e emoções. Conectar-se com o centro do seu ser é como encontrar o silêncio no meio de uma tempestade. Apesar das muitas ações envolvidas nessa postura, o resultado dessas ações atrai para perto de sua própria fonte de tranquilidade. 

Marla Apt é instrutora certificada Iyengar Yoga em Los Angeles.





Benefícios da postura
Alivia inchaço e gases
Fortalece o abdome e as costas

Cuidados
Gravidez
Menstruação
Diarreia

O Que é Yoga? Quem é Um yogi?


o que é yoga menina em asanaComum se referir aos praticantes de ásanas (posturas/exercícios físicos) como yogis, contudo nem todo praticante de ásana é necessariamente um yogi e existem pessoas que nunca praticaram, mas são. Ao que remete esse termo “yogi”? Quem é um yogi? Qual a sua relação com yoga? E afinal de contas, o que é yoga?

As palavras yoga e yogi são amplamente utilizadas nos vedas e em outros textos da tradição védica, como na Bhagavadgita e nas Puranas, para se referir a pessoa que busca o autoconhecimento. Portanto para entender o significado do yoga, primeiro devemos entender um pouco sobre a natureza do autoconhecimento.
A tradição védica coloca que a ignorância sobre nossa natureza é a causa fundamental do nosso sofrimento. Por não sabermos nossa natureza livre, nos identificamos com o corpo e mente,  sofrendo com suas limitações. Os Vedas apontam que a natureza do sujeito é a mesma felicidadeque ele busca a todo momento, a paz, a liberdade, a própria eternidade.
Tendo esse “entendimento” sobre si como objetivo, a tradição prescreve um estilo de vida que possui um conjunto de valores, uma série de práticas físicas e mentais, e a exposição tradicional das Upanishads (parte dos Vedas, também chamada de vedanta, que tem por objetivo a transmissão do autoconhecimento).
Por detrás dessa estrutura prescrita pelos Vedas, o objetivo é que o estudo das Upanishads seja suportado por um aparato de disciplinas, que preparam o indivíduo para o entendimento de sua natureza livre. Como estamos falando de um conhecimento é natural que seja necessário um preparo, uma maturidade de vida, tanto emocional quanto intelectual. O processo é comparado com acender uma fogueira, o estilo de vida e as disciplinas secam a madeira e os Vedas são como o fósforo. Se madeira estiver muito molhada não é possível acendê-la e se o fósforo não for utilizado da maneira correta o fogo se apaga rapidamente. Para se referir a esse processo os Vedas utilizam os termos: yogi e yoga. Yogi é a pessoa preparada para receber o ensinamento ou a pessoa que tem esse objetivo e está se preparando. Yoga  é esse “pacote” que o yogi faz uso e as asanas, os exercícios físicos que conhecemos, são apenas a ponta de um iceberg imenso.
Agora com esse entendimento dos Vedas como meio para o conhecimento e todas suas atividades preparatórias, podemos analisar um pouco mais qual é a essência do yoga e o que define o yogi.
Existem dois enganos comuns atualmente no uso do termo yoga. O primeiro é que como alguns autores dividem o yoga em função de algumas práticas específicas, ficamos com a impressão de que as atividades do yoga sejam “tipos” de yoga separados uns dos outros. Por exemplo, as atividades devocionais como ir ao templo ou fazer um ritual são chamadas de “bhakti yoga” e as meditações são referidas como “dhyana yoga”. Bhakti significa devoção e dhyana meditação, ambos os termos não se referem a um “tipo de yoga” são apenas atividades que compõe o mesmo yoga e para o autoconhecimento as duas atividades são fundamentais. O segundo engano comum é a divisão do yoga em relação aos exercícios físicos e energéticos, hoje em dia temos por volta de 5 estilos básicos na prática de posturas como Iyengar ou Asthanga. A diferença no método ou estilo de exercício nos leva a crer que existe uma “variedade de yogas”, porém, na verdade são apenas modelos diferentes de práticas de exercícios e a maioria das posturas são comuns a todas elas.
A tradição védica coloca que a definição do yogi está no seu estilo de vida, mas aqui temos de tomar um certo cuidado pois em geral consideramos “estilo de vida” um conjunto de hábitos e não é esse o ponto aqui. Se o provérbio diz que o hábito faz o monge, podemos dizer que o que faz o yogi é o “karma yoga”. E que fique claro desde o início que “karma yoga” não é mais um tipo de yoga ou o conceito popularizado de trabalho voluntário. Apesar de ser comum o uso desse termo para se referir ao trabalho voluntário ou as atividades sem nenhum tipo de remuneração ou recompensa em vários ashrams (locais de estudo) na Índia. Essas atividades podem ter seu papel, mas, no contexto dos Vedas, karma yoga é a maneira como o yogi se comporta diante das ações (karmas) na sua vida. O próprio Senhor Krsna na Bhagavadgita coloca que existem dois estilos de vida tendo como objetivo o autoconhecimento: o estilo de vida de um renunciante, que se dedica exclusivamente aos estudos e o “karma yoga” para as pessoas que desejam continuar inseridos na sociedade, porém com a vida direcionada para essa busca espiritual. Esse ponto é importante porque o conceito de yoga muitas vezes é confundido com algum tipo de repressão ou disciplina rígida, mas na verdade existe a opção de uma vida normal com família e filhos descrita pelos próprios Vedas como um meio para o autoconhecimento.
Assim para as pessoas inseridas na sociedade, a tradição védica coloca que enquanto uma pessoa normal faz karma(ações) uma pessoa espiritualizada faz “karma yoga”. A palavra yoga é utilizada junto com o karma apenas para dar esse sentido, dizer que sua ação é “yoga”.

A visão de yoga, que é essa atitude diante da vida, envolve dois aspectos:
  1. A visão ao executar a ação
  2. A visão ao receber o resultado da ação.
De acordo com os Vedas a visão de yoga ao executar uma ação está no uso da ação como um instrumento de preparação para o autoconhecimento. Qualquer ação do nosso dia pode ser usada como uma oração, quando ela está em harmonia com o Criador, que está na forma do universo a nossa volta. É esse oferecimento da ação ao Criador que a torna um instrumento purificador.
O que é yoga - Yoga é aprender a viver em harmonia com Deus
Yoga é aprender a viver em harmonia com Deus
Quando dizemos oferecimento, é importante saber o que é isso, senão vamos dizer: “eu ofereço essa ação para Deus!” e isso não é o que faz a diferença. O ensinamento é que o próprio Criador está na forma do universo a nossa frente e se apresenta como a decisão adequada em cada momento da vida. O dharma (ética) e a harmonia são manifestações divinas, assim como nossa capacidade de vencer nossos gostos e aversões para fazer o correto. E nós fazemos não por medo do que Deus fará conosco ou para deixá-lo satisfeito, pois, para o criador desse universo de bilhões e bilhões de estrelas, não existe nada grande o suficiente que possamos fazer capaz de deixá-lo zangado ou ainda não existe nele um sentimento de falta que cabe a nós preencher. Fazemos porque na base da nossa personalidade já existe embutido o valor pela união e o amor e quando oferecemos nossa ação, a executando em harmonia com o todo, desfazemos um sentimento de divisão e alienação. Assim como existe uma satisfação em colaborar com a nossa família e locais que participamos, com karma yoga descobrimos a satisfação de colaborar com a família que é esse universo inteiro. É uma atitude na ação que representa sobretudo uma maturidade em termos de objetivo de vida. Tendo o autoconhecimento como objetivo e enxergando as limitações das ações em nos fazer absolutamente felizes, somos capazes de descobrir essa maneira de viver.
Quanto ao receber o resultado da ação yoga é a apreciação da ordem responsável por esse resultado chegar até nós. Em geral, fazemos um plano de como a vida tem que ser, como as pessoas devem reagir e em qualquer ação temos um conjunto de expectativas. Não é possível realmente se abster dessas expectativas, porém estar alerta para o fato que entre uma ação e o seu resultado existe um ligação que não depende de nós é o que fará toda diferença. É dito que qualquer ação pode produzir quatro tipos de resultados: igual a expectativa, menor, maior ou totalmente diferente ao esperado. A pessoa atravessa a rua para pegar o ônibus e pode acontecer: o ônibus passa bem na hora e ela entra feliz, o ônibus demora a passar e vem lotado, ou antes mesmo do ônibus passar o colega de trabalho oferece uma carona, ou ainda a pessoa pode acordar três dias depois na cama de um hospital, porque o ônibus passou rápido de mais! E todos esses resultados são possíveis, ninguém planeja ir para a emergência e todo hospital tem a emergência lotada.
Os Vedas colocam que o Criador na forma da ordem do karma distribui o resultado da ação para cada indivíduo de acordo com as ações que ele realizou no passado. O conceito de injustiça divinae aquela tensão da necessidade de controlar o mundo, se vão na apreciação do Criador na forma dessa ordem cósmica que liga as ações e as pessoas. Assim, quando cada resultado ou situação surge na nossa vida aceitamos como uma atitude de reverência de quem está recebendo algo que vem do próprio criador, não importa se é doce ou amargo é o que está se apresentando naquele momento. Esse é um ponto importante para o yogi porque a vida está constantemente apresentando boas e más notícias que não dependem realmente da nossa escolha. Tendo o autoconhecimento como objetivo toda ação se torna uma possibilidade de crescimento, exatamente o que é preciso ser vivido por nós. Por outro lado, sem uma maneira de canalizar nossas expectativas ficamos a mercê do mundo, como um fanático por futebol fica a mercê do seu time sem ter um envolvimento direto com a sua vitória ou derrota. O Criador na forma da ordem preenche essa lacuna abrindo o leque de possibilidades de resultados e ao mesmo tempo sem tirar nossa participação da ação. Nós somos responsáveis pela ação e Ele o responsável pelo resultado das ações.
Dessa maneira karma yoga consiste em fazer a ação na forma de um oferecimento ao Criador e receber os resultados como vindos do próprio Criador de acordo com as minhas ações no passado. Essa maneira de tomar as decisões e encarar as situações na vida é a espinha dorsal do que é chamado de yoga. Afinal de contas toda disciplina ou prática de posturas culmina em uma vida equilibrada e em harmonia com a sociedade a nossa volta.
O “yogi”, portanto, não é apenas a pessoa que faz um monte de práticas e disciplinas apesar de elas serem fundamentais para o caminho espiritual, mas aquela pessoa capaz de trazer karma yoga para sua vida. Como karma yoga depende da apreciação do Criador que nasce da exposição aos Vedas, podemos dizer que os Vedas são a verdadeira essência do Yoga.

terça-feira, 21 de maio de 2013

Quantos tipos de Yoga existem?


tipos de yoga
A palavra Yoga vem do sânscrito, da raíz verbal “yuj”, que tem o sentido de “união” e apesar de ser utilizada coloquialmente para se referir a práticas de posturas e exercícios físicos, na sua origem, pouco tem a ver com isso. E sem entender um pouco sobre o seu significado original podemos nos perder sem saber na realidade quantos tipos de yoga existem…
Atualmente existe um conceito amplo em torno da palavra “yoga”. Ela pode se referir a prática de posturas, exercícios físicos e meditações das mais diversas. Existe também um senso comum que o “yoga” tem como resultado saúde, bem-estar, redução de stress e autoconhecimento, mesmo que esse, seja confundido com algum tipo de processo terapêutico. Além do termo yoga ser vago, encontramos ainda diversos “tipos” de yoga, que na verdade, se referem a diferentes atividades para o corpo e a mente, como:
  • Hatha Yoga – Associado a prática de posturas e exercícios de respiração.
  • Raja Yoga – Relacionado a meditação e práticas de controle mental.
  • Bhakti Yoga – Associado a devoção, aos rituais, ao canto e a oração.
  • Karma Yoga – Associado a atitude na ação e aos valores humanos.
  • Dhyana Yoga – Relacionado a meditação, visualizações e contemplação.
  • Jnana Yoga – Associado ao estudo das escrituras.
  • Kriya Yoga – Associado ao equilíbrio energético através da prática de mantras em meditação.
  • Kundalini Yoga – Associado a desobstrução do fluxo energético no corpo.
  • Etc etc etc…
Cada termo por sua vez pode se desdobrar em mais um conjunto de classificações. O próprio haṭha yoga que se refere genericamente a prática de posturas, se apresenta dividida em vários ramos, cada um associado a um estilo de prática ou uma linhagem de professores como: haṭha clássico, aṣṭanga, vinyāsa, iyengar etc…
Essas classificações surgiram como uma maneira de apresentar um estilo de vida para as pessoas interessadas no autoconhecimento, contudo se a utilização da palavra Yoga já é vaga, os “tipos” de Yoga amplificam a confusão e dão impressão de que temos um “cardápio”de atividades para escolher. São tantos nomes e tantos termos que para quem está de fora fica difícil entender o que realmente é o Yoga.
Se analisarmos as opções apresentadas, retirando os nomes para ser mais objetivo, podemos resumir esse monte de categorias em 5 grupos de atividades: 1 práticas de posturas, 2 práticas devocionais, 3 exercícios de meditação, 4 atitude na ação e 5 estudo das escrituras. As práticas energéticas são apenas combinações específicas de posturas e exercícios de meditação, portanto não se faz necessária a separação das mesmas enquanto atividades.
Agora a questão é: será que realmente faz sentido ter que escolher entre essas 5 opções? Faz sentido dizer que quem é mais emotivo escolhe “o caminho da devoção”, quem é mais racional “o caminho das escrituras”, quem é mais ativo “o caminho da ação”, quem é mais contemplativo “o caminho da meditação”? E quem escolhe a prática de posturas é mais o que? Existe alguma pessoa saudável que não seja emocional, intelectual, contemplativa e ativa? E no final das contas, não faria mais sentido dizer que uma pessoa menos emotiva deveria procurar algo que a ajudasse a se abrir emocionalmente e não o oposto? Dizer que existem 5 opções para o desenvolvimento psicofísico de uma pessoa é ilógico, pois, todos os 5 aspectos estão presentes no indivíduo.
Segundo a tradição védica, esses grupos de atividades fazem parte do estilo de vida da pessoa que busca o autoconhecimento, e são totalmente interdependentes, pois, não é possível conceber nenhuma dessas atividades realmente separadas uma das outras.
A devoção, assim como qualquer outra emoção é dependente do conhecimento. Para amar alguém de verdade é preciso conhecê-lo e podemos dizer até que o amor é apreciação que nasce do conhecimento do outro. Se a escritura é o meio de conhecimento do Criador, como pode a prática devocional ser separada do estudo das escrituras? Sem a luz dos Vedas práticas devocionais por mais sinceras que  sejam, serão apenas cantos, sem um significado real.
Já o estudo dos Vedas não é possível sem uma mente preparada pela meditação. A mente superficial e desfocada do dia a dia não tem a profundidade necessária para apreciar os significado dos Vedas e muito menos a capacidade de lidar com as emoções necessárias nessa busca.
As emoções por sua vez são trabalhadas com a atitude na ação, nenhuma meditação pode substituir a capacidade do mundo de trazer a tona os nossos traumas do passado ou o amor, que sentimos por exemplo por um filho.
E por fim, para viver bem e saudável e para ser capaz de meditar, as posturas são fundamentais, não importa realmente o nome do Yoga que a pessoa faça. Essencialmente todo Yoga é o mesmo, tem paschimottanāsana para o sofrimento de todos e shavāsana para alegria de todos. Deve dar saúde, a capacidade de sentar corretamente sem perturbações e de trazer a mente a um estado contemplativo.
Quantos tipos de yoga existemAssim, não podemos separar as atividades associadas a busca pelo autoconhecimento e muito menos existem “tipos de yoga” para serem escolhidos. A palavra Yoga é utilizada em sua origem para se referir ao preparo necessário para o estudo das escrituras e conseqüentemente ao autoconhecimento. Nos vedas ela aparece, em geral, classificando a palavra “mente”, fazendo o contraponto entre a mente dispersa, desconectada emocionalmente ou sem controle, com a mente focada, integrada, e objetiva. Daí surge a palavra “yoga”, como o conjunto de atividades que dão essa integração à mente e a palavra “yogi” como aquele que desejando o autoconhecimento adota o estilo de vida das escrituras composto dessas práticas – o yoga.
As atividades desse estilo de vida são como as “patas” de um mesmo cavalo, todas tem que estar funcionando em harmonia para que o yogi possa ter uma mente preparada e realizar sua  jornada espiritual.